domingo, 23 de outubro de 2011

Até quando você aguenta?






Viver era um pouco mais fácil antes de tudo isso acontecer. Não sei se você me entende, mas esse aperto no peito, esse nó na garganta, esse enjoo, essa dormência, esse formigamento, essa falta de ar, esse medo todo não são bons companheiros. Bem que tudo podia voltar a ser como antes, quando o que mais me assustava eram os temporais e as lagartixas no teto. Hoje eu não sei se consigo. Aliás, sei sim. Eu consigo. Mas me custa muito. Me custa caro. Tira a minha paz. Tira meu sono. Tira minha tranquilidade. Faz com que eu não me sinta tão capaz, tão segura, tão dona de mim. Eu, que sempre quis controlar tudo, dominar tudo, fazer tudo me sinto pequena, fragilizada, encolhida. Quando olho pela fresta das minhas janelas de dentro vejo uma menina com olhos arregalados, espantada com sintomas que chegam sem pedir licença.
Eu sei, eu sei que tem muita coisa que a gente não entende agora. Sei que tudo tem explicação. Não culpo a vida. Mas sempre penso: por que ele foi embora? Poxa vida, uma alma tão boa, uma pessoa tão doce, tão incrível, tão especial... Sei que se ele ainda estivesse aqui tudo seria melhor, mais calmo, mais certo, mais colorido e doce.
Meu avô, onde quer que esteja, deve ter se decepcionado com a nossa 'familia' agora. Ele, que pregava a união familiar, deve estar vendo o quão "unida" a família está agora. É triste ver uma família aos pedaços, principalmente quando é a SUA. É triste, mas é a realidade. Depois que ele nos deixou eu mudei. Mudei muito, muito mesmo. Minha família mudou. As coisas mudaram. Uma perda faz com que a gente se transforme e (re)conheça as pessoas. Estou com saudade, é isso. Eu sei.
Mas acontece que a última imagem que eu tenho dele me faz pensar em como a vida é delicada, pequena, frágil. Me lembro e fico arrepiada. A imagem é nítida, real, clara, como se tivesse acontecendo agora.

Olhei para foto dele que fica ali na estante. Comecei a chorar.  Não aquele choro de soluço, são lágrimas quentes que brotam nos meus olhos e descem pelo meu rosto, procurando a chegada. A chegada do fim, o lugar em que elas possam repousar, morrer. Elas precisam de aconchego. Lágrimas não gostam de solidão. Precisam saber que podem parar em algum lugar, dar a mão pra outra e pra outra e pra outra que ta vindo ali, oh.
O rímel está borrado, lágrima esta preta, olho vai ficar inchado. Mas eu não quero que ele me veja assim.
Ele tem que me ver bonita. É. E sorrindo. E feliz. E é assim que eu vou ficar.
Vô, a fase vai passar quando a gente se encontrar. Vou lavar o rosto e, de repente, apareço por aí. Assim, como quem não quer nada.


A saudade faz a gente não ter palavra. Faz a gente não cumprir promessa.


 

sábado, 22 de outubro de 2011

Ins-pirações




Do meu amor nem eu sei. Quem sabe não é você? Quem sabe não sou eu? Quem sabe não somos nós? Quem sabe? Você sabe?
Eu e as minhas reflexões: andei pensando no que quero. No fundo, é uma equação longa e simples. É que eu sou complicada e tão simples ao mesmo tempo. Às vezes eu acordo de bem com a vida, com o mundo e comigo. Lá pelas tantas uma mini-coisa, um mini-curto-circuito. É tudo mini e causa um estrago imenso e abala profundamente o meu humor e me deixa de cara e brava e irritada e chateada e meio assim.
Na minha vida não é 'quando', mas 'como' que faz a diferença. Não gosto de adiar, é preciso viver. E viver intensamente. 
Sei que é estranho, mas se eu gosto de você e não me importa se te conheço há anos ou minutos. Eu gosto e pronto. Me sinto bem, me sinto leve e feliz quando você está aqui. A felicidade dá medo, principalmente para quem nunca a teve. E quando ela está aqui, na palma da mão, dá frio na barriga só de pensar que ela pode ir embora. Mas não pode ser assim, temos que deixar ela solta e livre.
A paixão é um extremo, tira do foco. A gente age por impulso. O desejo salta pela boca, a falta berra pelos olhos. A paixão pode enlouquecer. Nunca me reconheci apaixonada.
O amor vem com a maturidade emocional. É preciso estar preparado para a chegada dele. O amor é calmo. Ele não causa transtornos psicológicos. Com o amor vivemos estudando. E essa é a grande graça da vida: nunca deixarmos de aprender.
Quem ama não se perde, eu penso assim. O amor nada mais é do que a união de histórias. A gente une e vira uma espécie de pedreiro, pois o amor é construção.

domingo, 9 de outubro de 2011

Não é errado o amor ter chegado na última gota.



Pensei em sumir. Desaparecer. Despistar. Morrer. Só que eu não vou. Vou me esforçar e acreditar que tudo vai ficar bem. A esperança nos mantém vivos, certo? A fé nos faz andar para a frente, certo? Então tá certo. Ficamos combinados dessa forma. Não espere poesia, linhas bem feitas, palavras bonitas. Simplesmente não posso. Agora não. Não sou de ferro. E está doendo.
É algum tipo de frio na barriga, interrogações deslizando pelas mãos suadas, uma urgência em saber se aquilo era ou não pra ser. É que um dia alguém me ensinou que: 'Quando é pra ser a gente sente'. Eu sempre quis que fosse pra ser, mas nunca foi. Com isso, me distanciei de mim, das coisas que eu acreditava, dos meus principios. Deixei para trás os sonhos. Esqueci como fazia para acordar feliz todos os dias. Mas o que mais doeu foi me distanciar de você. É uma dor que mastiga lentamente cada pedacinho de mim aqui dentro. 
Um dia você ajeita o jardim, planta flores, deixa tudo enfeitado. O tempo passa e você deixa as flores sem água, elas secam e aos poucos vão morrendo. Até o dia que você acorda e não sente mais o perfume, não encontra mais as cores. Tudo está seco, vazio, feio, morto. 
A vida não era para ser assim, droga! O mundo não para, eu sei, mas para mim ele parou agora e parece que nunca mais vai se mover.
As coisas só nos deixam quando nós abrimos a porta para elas saírem. É preciso olhar para dentro e, só depois, abrir as janelas. O primeiro passo para isso é falar, colocar para fora, gritar (se preciso for). Não é fracasso alguém não nos querer mais. Não é errado o amor ter chegado na última gota. 
Fingir um sentimento, forçar uma relação, ser infeliz e continuar aceitando a situação... Isso sim, na minha visão, é RIDÍCULO. Tenho certeza que você não quer dormir nos braços da tristeza e despertar com um beijo de mentira.
O destino não pertence a mim. Nem a você. Espero que você encontre um caminho que te leve até a verdadeira felicidade. Mas não demora muito para se encontrar, se decidir e seguir (se desejar), porque eu não consigo prender a respiração por muito tempo.